Brilhante viveu sua vida em Shopping Center. Se quisessem os historiadores saberem os detalhes sobre, era só perguntar a ela. Brilhante sabia quais eram as lojas e onde estavam localizadas. Soube de um velho vigilante a origem e o porquê das coisas daquele lugar. Contou-me que o consórcio que era dono daquele Shopping, na verdade representava um homem que foi menino pobre do bairro e sempre olhava as vitrine das lojas. Teve sorte e estudou. Fez engenharia, mas aventurou-se nos imóveis. Comprou um terreno grande e construiu o seu palácio.
Brilhante nunca viu a porta do escritório se abrir. Nunca viu ninguém que entrasse ou saísse de lá. Muitas vezes ocorreu a ela de ter ouvido o bater da porta, mas não sabia se fora impressão ou desencontro.
Certo dia, no cinema, Brilhante salvou um grupo de meninos de um incêndio. Guio-os até um lugar seguro e apontou aos bombeiros de onde vinham as fumaças. Na praça Central, fizeram uma homenagem. Mas o dono do Shopping não apareceu. Não foi daquela vez que Brilhante conheceria.
Até que um dia Brilhante esperava o ônibus para ir embora e viu um menino parado na frente do prédio. Aproximou-se dele e observou que havia uma pipa presa nas antenas de celulares. O menino olhava atentamente aquele pedaço de papel sendo destruído pelos ventos altos da cidade. Brilhante disse que talvez um bombero pudesse pegá-lo, tinha amizades com os bombeiros do Shopping. O menino fitou-a e disse que não precisava, que seu pai lhe faria outra.
-- Meu pai pode fazer muitas. Foi ele quem fez esse prédio.
Brilhante se surpreendeu. Estaria ele por perto? Olhou em sua volta.
-- Onde está seu pai?
-- Está jogando futebol na rua há dois quarteirões daqui.
Brilhante acompanhou o menino até a antiga rua do comércio do bairro. Na praça, os meninos improvisaram traves com latas de refrigerante. Havia um homem que estava sentado num banco, ofegante. Olhava com alegria o jogo e tomava suco de caixinha. O menino indicou que aquele era seu pai.
Brilhante foi ao seu encontrou. E começou a conhecer mais, muito mais do que os historiadores quisessem perguntar.
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