sexta-feira, novembro 2

. past .

olho no rosto dos meus amigos já há tanto afastados. contextualizá-los em meus novos sentimentos me soa cansativo e tolo. cada um encarna com alguma precisão todas as paixões que já foram minhas. muito provavelmente já estão falando outras línguas e acessando outras contas. ah, sim, os livros que trocamos. um pequeno contrato de lembrança. mas verificamos que nossa suposição foi falha. os livros nos dilaceraram. não há nada de nós em nenhum deles.

mas agora soam tão sinceros essas folhas? por quê?

olho nos olhos dos meus amigos afastados. percebo nas dobras da retina o sinal dos anos. sim, pensei em visitá-los, manter contato. para quê? melhor é guardar o melhor de cada um. como será receber uma rajada de ventania quando já se sabe do que a ventania é capaz? o passado espreita, mas na maioria do tempo é apenas alguém que toma o mesmo ônibus, frequenta os mesmos lugares mas a gente nem se considera vizinho.

os meus amigos afastados sempre moraram tão longe de mim.

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