quinta-feira, novembro 13

casas

ela estava sentada numa dessas cadeiras de plástico e com um cobertor bastante fino mas com desenhos interessantes. há muito estava lá, do lado de fora do portão, deste jeito. os cabelos bagunçados pelo vento natural dos ares e pelo movimento dos carros que embora diminuissem a velocidade pela curiosidade de ver uma menina enrolada em um cobertor sentada em frente a casa, ainda assim eram velocidades para estampidos de vento.

de vezes, focava o olhar em algo na paisagem, ora a esquina que escondia na outra ponta uma grande avenida; ora nas árvores e seus movimentos que pareciam indicar mais precisamente o tempo que o próprio sol. sim, ela tinha consciência de muitas coisas, talvez até da estranheza de alguém estar assim na rua. a vizinhança achava que ela esperava por algo, mas não sabiam dizer o que era tão urgente que não pudesse esperar dentro da casa.

soube mais tarde que ela tivera uma idéia estranha de que todos nós fossemos casa e ela queria saber o sentimento da casa a espera de seu habitante. porque se ela era uma casa que caminhava, a rua era seu caminho. mas se as casas não andam, o que seria a rua para as casas?

dois meses depois, lá estava ela novamente em frente a casa sentada com na cadeira plástica e com o mesmo cobertor. na casa, havia dois pedreiros trocando as janelas por outras maiores e construindo uma chaminé.

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