sexta-feira, junho 17

A Million Parachutes

Estou retornando ao Parachutes. Farei algumas reformas, movéis novos, menos paredes e mais janelas. Mais portas. A Casa Invisível fica cancelada até que a inspiração e o amor volte a este humilde coração.

http://parachutes.blogspot.com

quinta-feira, junho 16

Siva

Infelizmente, não é só de amor que se vive. E a coisa fica mais difícil quando confudimos amor com outros demônios. Siva abraçou seu amado que não era mais seu e nem era mais amado. Desejou-lhe sorte. Desejou-lhe que não se confudisse sorte com os mesmos demônios.

E por alguns segundos achou que sentiria saudades dele. Mas Siva não conhecia o dêmonio da saudade.

Nívea



Já me disseram que a Nívea parece personagem de Animê Japonês. Não tiro toda razão. Ela faz caras e bocas -- e alguns movimentos com pernas e mãos -- que são bastante divertidos. A gente acha que conhece bem uma pessoa, mas quando vai ver é surpreendido sempre e sempre. É a única coisa certa: a Nívea é cheia de surpresas.

Muitas felicidades neste dia!

a vida sonhada de um alfinete #02

-- dani, aonde suas linhas vão parar?
-- no mesmo ponto onde os sonhos param.
-- mas os sonhos param?
-- agora você está começando a pegar o espirito da coisa.

quarta-feira, junho 15

Charlie

Charlie quis ir para a lua. Soube que Melies chegou lá e cegou a lua com um foguete. Charlie não queria cegar ninguém.

Ele queria era enxergar diferente as pessoas da terra. E provar da solidão lunar. E saber como vivia Melies por aquelas bandas.

Hoje em dia, Charlie faz trucagens e acredita que a lua é aqui mesmo.

terça-feira, junho 14

Ana

A única tensão aparente é o vento que chega do mar para fazer prova dos pregadores de roupa. Um ou outro pano se vai na paisagem. Os cabelos estão presos em chapéus e tocas. Por alguns momentos pode-se imaginar como seria se o vento do mar pudesse levar o que nos pesa tanto.

A pressão e dificuldade para respirar. Os sonhos despediçados. Cansaços e decisões.

E Ana imagina um longo varal entre o farol antigo e o seu prédio mais familiar.

Ana Cláudia

Ana Cláudia é dessas que sonha acordada. Agora, por exemplo, ela está sonhando que é tão alta quanto uma jogadora de volei. Enquanto digo a ela coisas sobre o clássico cinema americano, ela mantêm os braços erguidos como quem vai sacar.

segunda-feira, junho 13

Heloísa



a helô não tem mais tempo para pintar quadros. é do tipo atarefada, mesmo quando não tem muito o que fazer. corre e corre. a cabeça a mil. muita gente diz que é uma forma de ocupar a cabeça e se preocupar menos. outros, é porque ela é estranha mesmo.

eu acho a helô bonita, tão bonita quanto seus quadros.

Fernanda



conheci a fernanda na faculdade. era minha bixete. sempre me pareceu uma pessoa pop, no sentido pipoca da coisa. a cabeça muito inquieta, cheia de idéias. mas com pouca coisa para fazer -- mais tarde soube que ela tinha grooves e levadas de baixo na cabeça.

sei muito pouco de suas angustias. a gente sempre está olhando para o lado bom. mas eu nunca deixei de pensar nas suas angustias. e o tempo nos amadurece: as angustias e os lados bons.

sempre teremos lados bons. e esperamos que as angustias desistam e caiam no groove.

a vida sonhada de um alfinete #01

cheguei há pouco, dani. nem havia tantos carros loucos ou cachorros suicidas na rua. havia aquele bafo sonoro comum das cidades e me lembrei dos seus fantasmas. talvez fossem um milhão de fantasmas resmungando alguma solidão da noite ou apenas as pessoas expirando o ar pesado do dia enquanto dormem. do caminho do metrô até em casa, o ônibus só foi deixando as pessoas em seus pontos. ninguém subiu. é uma sensação boa de que todos estão chegando em casa e que não há tantos atrasos ou adiamentos. é tarde para vermos algum filme? é cedo para ter alguma consciência de que dormimos ou sonhamos. ou os dois.

e esses dias me soam sonhados. sonhos de inventar o presente. você faz camisetas e eu websites. queria desenhar. e vc, fazer animação. os sonhos vão sendo construídos nas habilidades e trabalhos diários. linha na agulha. fita no gravador. lápis no papel. idéia digitada. foto rebatida. falta luz só para dilatar pupilas, dani. porque as ruas em que voltei continuarão iluminadas. assim como seus olhos escondidos. assim como estrelas em lantejoulas de vestidos. assim como em fantasmas que nos contam causos.

domingo, junho 12

O Terminal

Assim como todos os filmes de Steven Spielberg, "O Terminal" carrega a mão do diretor. Há muito tempo que tenho tentado assistir a esse filme, mas por falta de tempo ou por estabelecer prioridades, sempre adiei. Um dos motivos foi por achar que é um filme menor do diretor de "Império do Sol", "Lista de Schindler" e "Indiana Jones".

É um filme primoroso, com personagens cativantes e cheio de engenhosidade. Confesso minha simpatia por personagens mais bestiais ou sem qualquer tipo de ética. E acho muito arriscado seguir o caminho da virtude sem parecer piegas. Mas o Spielberg acredita mesmo nessas coisas. Li num livro sobre TV que uma das coisas mais lindas que apareceram na telinha foi Lacan falando ininterruptamente durante algumas horas, quase sem cortes. "Qual a graça disso?", perguntaria. A graça é que lindíssimo ver alguém falar com paixão do que acredita. E Spielberg faz isso.

Talvez também seja um pouco um tapa na minha cara que anda muito descrente no mundo. E talvez daqui a algumas horas eu já volte a dura realidade da falsidade humana. Mas por alguns momentos foi bom (e é) reparar que a dignidade tem suas invenções também. Se a circunstância nos aprisiona a vida, o que acreditamos e fazemos valer ainda é a chave para se viver um pouco melhor.

Hoje me lembrei de como é bom cumprir promessas feitas a quem amamos e a quem nos ama.

sábado, junho 11

Mensagem orkutiana

Dani: ...uma vez então o marciolino me disse:
"Desenha uma capa pra mim?"

...eu imediatamente achei que era capa de super-herói , mas ele logo me contou que era para um livro ....
acho o que eleainda não sabe é que suas palavrinhas tem poderes ,tem efeitos que nem imagina... então a capa é de herói também!!!

adoro!
=*

Faz frio em São Paulo

O vento que bate no meu rosto nessa noite fria de São Paulo tem a mesma cadência de outros ventos e batidas de épocas que ainda permeiam a lembrança. A mão continua enfrentando as baixas temperaturas, mas o rosto mesmo sucumbiu. Está gelado como todo rosto fica quando a estação pede. O pescoço desprotegido já anuncia a ida da voz. Meus olhos lacrimejam um pouco, é um principio. Penso se vale a pena tentar esquentar o rosto expondo as mãos quentes a esse mesmo vento suspeito. Fecho só um pouco os olhos e sinto saudades de raios de sol aconchegantes.

Da janela do ônibus, vejo as pessoas irem para suas casas. Presumo que queiram chegar em casa porque eu quero o mesmo. Já tive quem fosse uma casa para mim. Penso um pouco nela. Deve estar aproveitando a casa que construiu. Eu mesmo não pude ser uma casa. Um menino adianta-se e quase é atropelado. Há um medo maior que ser atropelado: o de não chegar em casa. Ouço gritos silenciosos de uma cidade que não se aconchega. Penso nela um pouco mais. Por que eu a havia deixado?

Desço no terminal. Preciso correr para pegar um outro que me levará enfim para casa. Durante a pressa, a cidade vai se acalmando. Estou só numa cidade que amo mas não me ama. É um fato pesado e quiçá desesperador. Mas eu não me desespero por estar só. Tenho pressa. Preciso pegar o ônibus. É o último. Vejo o motorista entrando, acendo. O bom homem me espera. Deve querer tanto quanto eu voltar para casa. Lembro-me de quando ela disse que me esperaria. Mas não esperou. E eu agradeci ao motorista sua cumplicidade. E me diz num tom mto gentil: vamos, está frio, alguém lhe espera.

E esse último ônibus me soa muito mais familiar, apesar de não conhecer ninguém que viaja comigo. A solidão tantas vezes representada nessas temperaturas, agora aparece só na lembrança dela. A imagem dela decidindo-se por outro me soa a mais gélida das noites. Dou minha face direta para o tapa do vento frio, dou minha face esquerda para o bejio da solidão.

E sei que quando chegar em casa não serei feliz. E sei também que chegando a primavera, outros ventos virão com a notícia de que serei.

quarta-feira, junho 8

:: roberta

roberta só conhecia entrevista de emprego. e nunca percebeu que em entrevistas o que importa é o que não foi dito.

\o/

. a noite em que me disse adeus, guardo em uma folhinha .
guardo porque nunca se sabe quando precisará de papel de anotação .

domingo, junho 5

Hospedagem

Hoje eu sonhei que era feliz. Os pesos que haviam em minhas costas, onde foram? Sumiram. As ruas não tinham cacos de vidro escondidos em cada esquina e eu andava descalço, sentindo verdadeiramente a terra que um dia me receberá. O céu estava claro, uma claridão amena, de corar a pele. Meus cabelos estavam curtos, de um jeito que não me atrapalha a vista. Eu levava as minhas coisas mas não precisava de mochila. Eu pensava em uma música e ela tocava. Eu sorria como gostaria de sorrir sempre. E tinha pouco medo, tão pouco que nem lembrava de quê. Era só um medo para se sentir vivo, para ter assunto para conversar, eu podia conversar horas, estava disposto e estava feliz.

Ao acordar, percebi o bafo roco da realidade. Mas não me aborreci. Enquanto sonhava pensei nos aborrecimentos e eles todos eram muito pequenos e simplórios. Quando eu acordei e vi que continuavam assim, achei mesmo que pudéssemos transformar sonhos em realidades, mesmo que não houvesse concretude para que pudesse provar a alguém. Os sonhos tem seus fragmentos de memória. E a memória, seus fragmentos de sonhos.

Se para a terra vou voltar, dos céus dos sonhos me lembrarei de me hospedar antes.

quarta-feira, junho 1

Asas

Há quem te dê asas. Há quem te coisa melhor.



Dela: http://www.alfinetes.cjb.net

Fase

A fase não é boa para escrever.
Poucas idéias, muitos outros projetos.
Frustrações e outros consolos.
Algumas pessoas vão muito bem, obrigado.
Outras nem tanto.
Acabo me dividindo melhor
em que de certa forma
precisa de mim
e acaba me respeitando melhor.
Os outros continuam sem mim.
Melhor.

Inferno astral às avessas.
Vou sendo levado por coisas boas.
Mas o que movo me entorta.
Não reclamo desse tipo de sorte
mesmo que mais para frente
soe azar.

Não esqueça do meu aniversário.
Ano passado muita gente esqueceu.
Deêm-me votos, os mais sinceros.
Flores, as mais bonitas.
Doces, os mais gulosos.
Ou um simples olá de quem lembrou de última hora.

Só não peça para esperar
porque a vida não me espera.
E só te espero
se você for a minha vida.

terça-feira, maio 31

Lost in Translation

"Lost in Translation" é um filme sobre a amizade.
Sobre os mistérios que toda amizade boa tem.
Não vi paixões avassaladoras, nem vi fraternidade atemporal.
É só um filme sobre os mistérios da amizade.
Nem mais, nem menos.

domingo, maio 29

Parachutes TV

Video novo na parachutes.tv ... tetos.

http://www.videolog.tv/parachutes

Comentem!

Sobre corações e alfinetes

Site da pin. Tem galeria e em breve uma lojinha. Visitem.

http://www.alfinetes.cjb.net

Encontros e Desencontros

Há algum tempo tenho prestado atenção nos atrasos e nos bolos que ando tomando. Os números são impressionantes: metade ou mais dos meus encontros acabam em atrasos ou bolos. Analisando esses fatos estou questionando a qualidade da minha companhia. Afinal, você atrasaria ou daria o bolo com alguém que é uma companhia agradável? Antes, eu pensava que eram as circunstâncias, mas me pergunto se eu estaria me enganando só para me preservar.

A partir de agora tenho um limite: 30 minutos -- os britanicos estão boquiabertos. Marcou às 10, 10:30 estou caindo fora.

sábado, maio 28

Brilhante

Brilhante viveu sua vida em Shopping Center. Se quisessem os historiadores saberem os detalhes sobre, era só perguntar a ela. Brilhante sabia quais eram as lojas e onde estavam localizadas. Soube de um velho vigilante a origem e o porquê das coisas daquele lugar. Contou-me que o consórcio que era dono daquele Shopping, na verdade representava um homem que foi menino pobre do bairro e sempre olhava as vitrine das lojas. Teve sorte e estudou. Fez engenharia, mas aventurou-se nos imóveis. Comprou um terreno grande e construiu o seu palácio.

Brilhante nunca viu a porta do escritório se abrir. Nunca viu ninguém que entrasse ou saísse de lá. Muitas vezes ocorreu a ela de ter ouvido o bater da porta, mas não sabia se fora impressão ou desencontro.

Certo dia, no cinema, Brilhante salvou um grupo de meninos de um incêndio. Guio-os até um lugar seguro e apontou aos bombeiros de onde vinham as fumaças. Na praça Central, fizeram uma homenagem. Mas o dono do Shopping não apareceu. Não foi daquela vez que Brilhante conheceria.

Até que um dia Brilhante esperava o ônibus para ir embora e viu um menino parado na frente do prédio. Aproximou-se dele e observou que havia uma pipa presa nas antenas de celulares. O menino olhava atentamente aquele pedaço de papel sendo destruído pelos ventos altos da cidade. Brilhante disse que talvez um bombero pudesse pegá-lo, tinha amizades com os bombeiros do Shopping. O menino fitou-a e disse que não precisava, que seu pai lhe faria outra.

-- Meu pai pode fazer muitas. Foi ele quem fez esse prédio.

Brilhante se surpreendeu. Estaria ele por perto? Olhou em sua volta.

-- Onde está seu pai?

-- Está jogando futebol na rua há dois quarteirões daqui.

Brilhante acompanhou o menino até a antiga rua do comércio do bairro. Na praça, os meninos improvisaram traves com latas de refrigerante. Havia um homem que estava sentado num banco, ofegante. Olhava com alegria o jogo e tomava suco de caixinha. O menino indicou que aquele era seu pai.

Brilhante foi ao seu encontrou. E começou a conhecer mais, muito mais do que os historiadores quisessem perguntar.

sexta-feira, maio 27

Move over

Meu aniversário está próximo, penso nos anos que se passam. Já tive época em que eu ficava horas pensando sobre o tempo que passa: se terei aproveitado bem, se terei sorte. Até que um dia resolvi não ligar muito mais para isso e ir viver um pouco. Confesso que não fui tudo que planejei, mas muita coisa de boa me aconteceu. Amigos, amores, fé e invenciones. Hoje estou pensando na vida e deslumbro coisas novas pela frente. E por alguma razão, nas conversas com quem se ama, começo a considerar de que eu esteja pronto.

Vou encarar o meu destino. Seja ele qual for.

terça-feira, maio 24

Quando a chuva cai

Chove torrencialmente em São Paulo
e no caos da cidade sinto-me em casa.
Irritadiços estão todos nas ruas, ônibus,
automóveis, metrô, boteco, padoca.
Leio algum livro sobre alguém que pode ser feliz
tenso para que as luzes não se apaguem.

E me perguntando, a cada semáforo,
se a vida me reservará mais do que espero.

I got right to sing the blues

Eu sei que você não apaga seus cigarros quando estou por perto.
Eu sei que você sempre pede a cerveja da marca que não tomo.
Você usa a mão esquerda para escrever quando sei que é destra.
Você gosta de cenoura quando eu resolvo comer salada.

Eu sei que você fala que eu não sirvo para muita coisa,
que eu vivo apaixonado pelos cantos e estar apaixonado,
para você, é ser ribalta, foco, atenção e beleza de estrela.
Você nunca compra entradas para um filme de amor resolvido.

Eu sei que você não me acompanha num blues.
E que esses beijos não é o melhor que pode fazer.
Eu sei que tenho medo de uma felicidade
que eu não possa suportar. E você, também.

Anotação em papel de pão

"Só nos sobrou do amor
a falta que ficou".

segunda-feira, maio 23

Tenho Sede

Traga-me um copo d'água
Tenho sede
E essa sede pode me matar
Minha garganta pede um pouco d'água
E os meus olhos pedem teu olhar
A planta pede chuva quando quer brotar
O céu logo escurece quando vai chover
Meu coração só pede o teu amor
Se não me deres, posso até morrer.

Dominguinhos/Anastácia

Brincadeira

Peguei daqui.


Não podendo sair do Fahrenheit 451, que livro quererias ser?
To the lighthouse - Virginia Wolf

Já alguma vez ficaste apanhadinha(o) por um personagem de ficção?
Não sei se é identificação, mas é alguém que me intriga: Mr. Stevens do filme Vestígios do Dia.

Qual foi o último livro que compraste?
Até o dia em que o cão morreu - Daniel Galera (para mim)
Mulheres - Eduardo Galeano (presente).

Qual o último livro que leste?
Amores Difíceis - Calvino
Jazz - Toni Morrison
Flush - Virgnia Woolf

Que livros estás a ler?
On the Road - Kerouac
O Som e a Fúria - Faulkner (em prestações).
E os do Snoopy!!!

Que livros (5) levarias para uma ilha deserta?
O livro dos Abraços - Eduardo Galeano
200 crônicas escolhidas - Rubem Braga
Antologia Poética - Carlos Drummond de Andrade
Dia e Noite - Virginia Woolf
As Cidades Invisíveis - Italo Calvino

A quem vais passar este testemunho (três pessoas) e por quê?
Deixarei aqui no blog e quem quiser que leia. Mas três pessoas tenho curiosidade que leiam.
Christiane O. - Ainda ela - Uma personagem que queria ter inventado.
Ana Mangeon - Pensamentos Desconexos - Que está em um lugar em que seus pensamentos não acompanham, mas o coração talvez.
Tereza Ruiz - Alumbramentos - Que nunca sei direito o que passa na cabeça.

Escrever

Hoje estava passeando pelos blogs, tentando atualizar as leituras que antes me eram tão comuns. Há muita coisa boa que me entretem e interessa. Navengando por eles, veio-me novamente essa questão que há muito me faço: qual o meu compromisso com o escrever?

Quando descobri o livro, sempre me deu essa vontade de escrever. Assim como descobri o cinema, me deu vontade de dirigir. E quando ouvi música bacana, fazer música. Não tenho talentos para tudo isso e o que me assola é esse descompromisso com qualquer um dos meios. Perguntava-me por quê... até hoje não sei bem.

Fico com essa explicação simples: sou compromissado com o ser humano. Se por um lado me reconforta, por outro faz me perder.

domingo, maio 22

Some other spring

Agora que você se foi, vou sentar um pouco e acalmar a tremedeira da mão. Guardar suas coisas numa caixa e arrumar a velha casa. Vou mudar a posição do chuveiro para inverno, trocar os cd´s pelos livros e a marca do café. Toalhas secando no varal. Algodão para limpar sua maquiagem. Bacia de descansar pés que andaram o dia todo. Agora que você foi embora, as cortinas se abrem cada vez menos.

Comprei uma secretária eletrônica que toca Billie Holiday até onde deixarem. Deixe seu recado que eu ouço em outra primavera que vier.

A Pipa e o cano

Quando a minha cachorra, a Pipa, veio para minha casa, pequena ela era. Dormia numa caixa perto de um cano exposto onde um dia existia um tanque de lavar roupa. Logo foi se acostumando pela casa, brincando, correndo e dormindo em qualquer lugar.

Mas quando troveja, sempre a vejo nesse lugar primeiro, ao lado do cano. Não entendia porque ficava por ali se havia tantos lugares mais seguros de trovões. Cheguei perto para perguntar -- os donos tem essa coisa boba de falar com seus animais de estimação -- e então ouvi o fluido das águas que vinha daquele cano. Lembrei-me de que uma amiga me havia aconselhado a colocar um despertador ao lado do cachorro quando ele é pequeno. Dizia que era para ele pensar que era o coração da sua mãe.

O coração da mãe da Pipa vem de um cano. E ele não bate. O coração flui.

sexta-feira, maio 20

The aeroplane flies high

Erga suas asas, incline de modo a fazer diferença de pressão do ar. Corra o máximo que puder em uma rua sem muitos postes. Quando levantar vôo desvie dos pássaros. E em um coração alheio, peça permissão para pousar.

Ciranda de Rosa para Tereza

(a partir de um tema popular de Pernambuco)

Ah, Tereza, o seu ombro é assim
porque servem para ter asas.
Ah, Tereza, você não veio para mim,
você não foi feita para ter casas.

Você foi feita de rosas claras,
com detalhes em espinhos que nega.
Você hesita e não despetala
e o vento passa e não te carrega.

E você sonha com seu bem querer
e não sabe que não há ciranda
que tome a mão e faça esquecer
a vida pétrea que não anda.

Te levo um tanto de flores
outro tanto de ventos
para que voem seus amores
e traga de volta momentos.

A rosa vermelha
É do bem querer
A rosa vermelha e branca
Hei de amar até morrer.

(meio tosco, mas se não eu esqueceria...)

Inferno Astral

Hoje saí do trabalho com menos pressa do que o costume. Carregava um livro em mãos -- fazia tempo que não tinha um livro para ler. Olhei para o trânsito carregado e zombei: vou a pé. Mesmo que isso significasse algumas horas a mais até chegar em casa.

Atravessei a Av. Paulista. No discman, um pouco de tudo: Pixinguinha, Casino e Libertines. Na rua Augusta, tomei um ônibus vazio e fui. O livro do Calvino me agrada deveras e a cada conto terminado, penso de formas diferentes se a felicidade é para mim. Chego em casa já pensando em praticidades do PHP e já preparado para dormir, com algum medo digo a mim mesmo: que venha o Inferno Astral.

quinta-feira, maio 19

I´m just a lucky so and so

Gosto de jeito que ela olha atentamente algo que a encanta.
Gosto ainda mais quando, absorta, ela se perde e não sabe mais o que a encanta.
Gosto quando ela respira e volta a si.
Voltando a si, gosto quando ela percebe que estou aqui.

segunda-feira, maio 16

Almost Blues

Os que me amam, avisem-me. Não sei reconhecer. Para que eu possa saber quem eu amo e quem não.

Behind the blue sky

Há verdades que só são reveladas quando se está só. Mas um ser humano não vive só de verdades.

domingo, maio 15

Cochichando

Fala baixo, amor,
que todos já sabem
e estão cansados de ouvir.
Fala baixo, perto do meu ouvido,
cochicha em notas e frenesi
o que te treme o coração.

Cochicha alto, amor,
enquanto me leva na pista
a dança da nossa falta de sentido.
Cochicha alto, morde a orelha,
abafa com os cabelos, entorta a nuca,
tira a mão do meu ombro e me beija.

Grita muda, amor,
que amanhã já vou ter ido
e me pede para ficar um pouco mais.
Grita muda, convoca sua emenda,
toma partido dos que falam pouco,
mas o pouco que estremesse.

Sorte na vida

Nessa vida,
se tiver sorte,
a solidão será apenas uma dor de cabeça.
Dessas que passa com aspirinas de amor.
Com massagens e uma boa noite de sono.
Se tiver sorte,
nessa vida,
nem saberá bem que é uma dor de cabeça.

Se tiver sorte,
nessa vida,
terá bons amigos
que não lhe abandonarão
em momentos difíceis.
Aqueles amigos que aparecem
quanto menos se espera.
Estão presentes em objetos pequenos,
sentimentos pequenos,
pedaços de papéis,
palavras em contextos outros,
desenho recortado para cartão.
Se tiver sorte,
nessa vida,
os amigos farão visistas
e não chegarão atrasados.

Se tiver sorte,
nessa vida,
nem saberá o que é sorte
porque estará tão ocupado
com as coisas boas
que não será o destino
o senhor da sua vida.

sábado, maio 14

Que peninha de galinha

Que nos apaixonamos por quem nos encanta e não por quem nos entende...

quinta-feira, maio 12

Redescoberta

Redescobri um prazer antigo: arrumar a estante.

Cansaços

Chega uma hora que as coisas que você fez nem eram tão legais. E que ninguém viu importância naquilo. E não era porque as pessoas estavam cegas, mas era porque não tinha importância mesmo. Nessas horas eu ligo meu walkman no random, abro uma coca-cola, pego um pedaço de papel e tento evitar na escrita me convencer que estou cansado.

Outros finais

Eu gostava da parte em que você decidia ficar por aqui, não porque os ares eram mais amenos, mas porque eu sabia fazer algum pão doce.

Joelho

Quando meus joelhos não me aguentarem mais e começarem a ranger, quero que façam um som próximo ao trompete do Louis Armstrong.

Casa

A casa ainda cheira a nova, mas vai se ajeitando. O cheiro do novo dá um pouco de saudade, mas também dá a certeza de que as coisas passam. O coração contínua, como dizia Drummond, mas fico feliz que as coisas passem. Gosto de chegar no horário, nem mais nem menos.

Durante a semana é mais difícil escrever, as tarefas se amontoam, há compromissos. O final de semana me parece mais propício. Todavia, percebi que a noite está de braços abertos. A tentação é que faço da noite uma mulher inebriante quando não trabalho. Talvez seja a hora de apenas estar em companhia dela e pedir um pouco de ajuda para escrever esse livro.

Saí com a Fer ontem. Nossa Melância Filmes parece que vai vingar. Pelo menos há empolgação nela. Fizemos um pequeno exercício sobre experimentalismos videográficos. Acabou-me dando um pouco mais de motivação para esta casa. Não sou muito otimista para que o futuro me reserva... mas acho que o vier é lucro.

Como o cheiro desses compensados de madeira.

quarta-feira, maio 11

Ninguém pode saber

Um filme extremamente lírico e com algumas pitadas de crítica social. Quando vejo Tóquio em filmes me emociono deveras. Acho que sou apaixonado por aquela cidade amalucada...

segunda-feira, maio 9

Cerejeiras

As cerejeiras sempre tiveram um valor simbólico muito grande para mim. Apesar de eu não ter convivido com muitas, a palavra sakura sempre me pareceu familiar. Uma amiga me enviou agora pouco fotos das cerejeiras que florescem perto de onde ela mora, no Japão. São serenamente belas. Lembro-me do chão coberto pelas folhas rosas claras e essa imagem me fez apertar o coração.

Vou pegar minha muda em Setembro e esperar que no ano que vêm ela tenha saúde boa e que agradeça me dando flores.

Choro no CCSP

No aniversário do Centro Cultural São Paulo, haverá nova Edição do Festival de Choro "Na Batuta do Gato". Dia 14 tem o grupo Balaio de Gato, formado por meninas (a solista tem 12 anos e é ótima). No domingo, dia 15, tem o choro elétrico do 4x0, grupo finalista do prêmio Visa. É tudo na faixa! E no domingo vai ter uma roda de choro com o Izaías e seus Chorões.

Balaio de Gato - dia 14 - às 19h
4x0 - dia 15 - às 18h
Izaías e seus Chorões - dia 15 - às 16h

Entrada Franca.

Os dois primeiros shows serão transmitidos pela Rádio do CCSP (http://www.centrocultural.sp.gov.br - clique na anteninha a direita).

Quem puder ir, avise-me para nos encontrarmos lá!

domingo, maio 8

Procura

Eu estou procurando. Não sei bem o quê. Mas procuro.

Procuro embaixo dos lençóis, das pedras falidas, atrás dos quadros pintados, nas imperfeições de tinta das placas de trânsito. Procuro em frequências desafinadas dos blues e na síncope nauseantes dos sambas. Há algo entre o concreto e as almas perdidas, procuro ali. Quero encontrar uma mulher com unhas pintadas e brincos de porcelana. E que carregue em si um sofrimento de febre. Procuro em seu sorriso, nos cabelos encaracolados, na franja suspeita, a fraqueza comum dos homens. Procuro um filamento, flor de plástico, boneco de pelúcia, lentes sem perspectivas.

Não tenha o trabalho de encontrar. Ajude-me amorosamente a procurar.

Trabalho

5 páginas. Foi o mais longe que eu consegui até agora...

Exupery

Então a raposa apareceu.

"Bom dia", disse a raposa.

"Bom dia", o Pequeno Príncipe respondeu educadamente. "Quem é você? Você é tão bonita de se olhar."

"Eu sou uma raposa", disse a raposa.

"Venha brincar comigo", propôs o Pequeno Príncipe. "Eu estou tão triste".

"Eu não posso brincar com você", a raposa disse. "Eu estou cativada".

"O que significada isso – cativar?"

"É uma coisa que as pessoas freqüentemente negligenciam", disse a raposa. "Significa estabelecer laços".

"Sim" disse a raposa. "Para mim você é apenas um menininho e eu não tenho necessidade de você. E você por sua vez, não tem nenhuma necessidade de mim. Para você eu não sou nada mais do que uma raposa, mas sem você me cativar então nós precisaremos um do outro".

A raposa olhou fixamente para o Pequeno Príncipe durante muito tempo e disse: "Por favor cativa-me."

"O que eu devo fazer para cativar você?" perguntou o Pequeno Príncipe.

"Você deve ser muito paciente". Disse a raposa. "Primeiro você vai sentar a uma pequena distância de mim e não vai dizer nada. Palavras são as fontes de desentendimento. Mas você se sentará um pouco mais perto de mim todo dia."

Então o Pequeno Príncipe cativou a raposa e depois chegou a hora da partida dele – "Oh!" disse a raposa. "Eu vou chorar".

"A culpa é sua", disse o Pequeno Príncipe, "mas você mesma quis que eu a cativasse".

"Adeus", disse o Pequeno Príncipe.

"Adeus", disse a raposa. "E agora eu vou contar a você um segredo: nós só podemos ver perfeitamente com o coração; o que é essencial é invisível aos olhos. Os homens têm esquecido esta verdade. Mas você não deve esquecê-la. Você se torna eternamente responsável por aquilo que cativa."

Sobre alfinetes e corações

Venha o que vier,
beba o que quiser,
sonhe o que der,
encare o vento
de pé.

A alma calejada

Ela me perguntou se não seríamos bons demais para o amor e por isso fracassamos tanto. Terminei o meu café, arrumei o meu cabelo e melhorei minha cara de eterno cansaço:

-- Você tem alguém que ama e por acaso você ama esse alguém. Não sei se isso é tão bom, mas ruim não pode ser.

Leitor Ideal

Quando preparamos a edição de som para um filme e temos todos aqueles canais que existem numa sala de cinema, não podemos satisfazer a todos da sala. Existe uma poltrona que ouvirá da forma muito mais próxima possível o que o editor de som planejou para o filme.

No caso desse projeto, embora tenha muitos leitores a quem quero atingir, considero a Chris minha leitora-chave. Não que eu não queira agradar aos outros leitores, muito pelo contrário. É que a Chris reune o tipo de paixão que quero dar a esse projeto. E se a ela convencer, acho que terei atingido um objetivo.

Ela é um tipo de referência para mim. Escrevo pensando se ela achará bom dentro de seus gostos. Não penso em fazê-la a minha leitora ideal para todos outros projetos. Mas, em especial, este que começo, ela será.

sexta-feira, maio 6

Roteiro

Passei o dia pensando nesse projeto. O frescor tem sua vantagem, apesar de tudo parecer muito imaturo. Hoje a tarde me ocorreu escrever num papel a estrutura da história que eu quero contar. O lance é que desenho os fluxogramas, a storyline e parte dos capítulos me fez pensar que talvez funcionasse melhor em roteiro de cinema. Pensei em construir uma estrutura atemporal (não há passado, nem presente, ou ambos se confundem) através da montagem em paralelo. Uma idéia para amadurecer...

Títulos

Já tive muitos títulos na minha cabeça. A maioria virou posts lá no Parachutes. A Casa Invisível é um deles. Outros são mais pretenciosos e olhando agora são até engraçados: "O Fim do Terceiro Mundo"; "Pravda Lânguida"; "Tratado de Longa Vida e Amizade"; "Sereno 6" e algumas outras coisas assim. Há o Losangofones que é uma novelinha que escrevo mas que agora está meio parada.

Não vou contar as razões dos títulos, aliás muitos não tem porque nenhum. É como inventar nome de bandas. Recomendo que é diversão garantida.

Início dos trabalhos

Há muito planejo algo mais pretensioso que o Parachutes. Algo que tenha uma linha de raciocinio mais elaborado e que me mantenha um pouco mais focado. Aqui começo esboços compromissaddos comigo mesmo de projetos de romances, contos, novelas, o que estiver ao alcance e possibilidade. Não esperem grandes coisas, nem atualizações tão freqüentes. É um grande caderno de anotações mais útil para mim do que para quem lê. Só o torno público para aliviar um pouco a solidão.

Agradeço a quem insistentemente me acompanha. A vocês dedico o que poderá vir a sair dessas notas.