segunda-feira, junho 13

a vida sonhada de um alfinete #01

cheguei há pouco, dani. nem havia tantos carros loucos ou cachorros suicidas na rua. havia aquele bafo sonoro comum das cidades e me lembrei dos seus fantasmas. talvez fossem um milhão de fantasmas resmungando alguma solidão da noite ou apenas as pessoas expirando o ar pesado do dia enquanto dormem. do caminho do metrô até em casa, o ônibus só foi deixando as pessoas em seus pontos. ninguém subiu. é uma sensação boa de que todos estão chegando em casa e que não há tantos atrasos ou adiamentos. é tarde para vermos algum filme? é cedo para ter alguma consciência de que dormimos ou sonhamos. ou os dois.

e esses dias me soam sonhados. sonhos de inventar o presente. você faz camisetas e eu websites. queria desenhar. e vc, fazer animação. os sonhos vão sendo construídos nas habilidades e trabalhos diários. linha na agulha. fita no gravador. lápis no papel. idéia digitada. foto rebatida. falta luz só para dilatar pupilas, dani. porque as ruas em que voltei continuarão iluminadas. assim como seus olhos escondidos. assim como estrelas em lantejoulas de vestidos. assim como em fantasmas que nos contam causos.

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