sexta-feira, junho 17

A Million Parachutes

Estou retornando ao Parachutes. Farei algumas reformas, movéis novos, menos paredes e mais janelas. Mais portas. A Casa Invisível fica cancelada até que a inspiração e o amor volte a este humilde coração.

http://parachutes.blogspot.com

quinta-feira, junho 16

Siva

Infelizmente, não é só de amor que se vive. E a coisa fica mais difícil quando confudimos amor com outros demônios. Siva abraçou seu amado que não era mais seu e nem era mais amado. Desejou-lhe sorte. Desejou-lhe que não se confudisse sorte com os mesmos demônios.

E por alguns segundos achou que sentiria saudades dele. Mas Siva não conhecia o dêmonio da saudade.

Nívea



Já me disseram que a Nívea parece personagem de Animê Japonês. Não tiro toda razão. Ela faz caras e bocas -- e alguns movimentos com pernas e mãos -- que são bastante divertidos. A gente acha que conhece bem uma pessoa, mas quando vai ver é surpreendido sempre e sempre. É a única coisa certa: a Nívea é cheia de surpresas.

Muitas felicidades neste dia!

a vida sonhada de um alfinete #02

-- dani, aonde suas linhas vão parar?
-- no mesmo ponto onde os sonhos param.
-- mas os sonhos param?
-- agora você está começando a pegar o espirito da coisa.

quarta-feira, junho 15

Charlie

Charlie quis ir para a lua. Soube que Melies chegou lá e cegou a lua com um foguete. Charlie não queria cegar ninguém.

Ele queria era enxergar diferente as pessoas da terra. E provar da solidão lunar. E saber como vivia Melies por aquelas bandas.

Hoje em dia, Charlie faz trucagens e acredita que a lua é aqui mesmo.

terça-feira, junho 14

Ana

A única tensão aparente é o vento que chega do mar para fazer prova dos pregadores de roupa. Um ou outro pano se vai na paisagem. Os cabelos estão presos em chapéus e tocas. Por alguns momentos pode-se imaginar como seria se o vento do mar pudesse levar o que nos pesa tanto.

A pressão e dificuldade para respirar. Os sonhos despediçados. Cansaços e decisões.

E Ana imagina um longo varal entre o farol antigo e o seu prédio mais familiar.

Ana Cláudia

Ana Cláudia é dessas que sonha acordada. Agora, por exemplo, ela está sonhando que é tão alta quanto uma jogadora de volei. Enquanto digo a ela coisas sobre o clássico cinema americano, ela mantêm os braços erguidos como quem vai sacar.

segunda-feira, junho 13

Heloísa



a helô não tem mais tempo para pintar quadros. é do tipo atarefada, mesmo quando não tem muito o que fazer. corre e corre. a cabeça a mil. muita gente diz que é uma forma de ocupar a cabeça e se preocupar menos. outros, é porque ela é estranha mesmo.

eu acho a helô bonita, tão bonita quanto seus quadros.

Fernanda



conheci a fernanda na faculdade. era minha bixete. sempre me pareceu uma pessoa pop, no sentido pipoca da coisa. a cabeça muito inquieta, cheia de idéias. mas com pouca coisa para fazer -- mais tarde soube que ela tinha grooves e levadas de baixo na cabeça.

sei muito pouco de suas angustias. a gente sempre está olhando para o lado bom. mas eu nunca deixei de pensar nas suas angustias. e o tempo nos amadurece: as angustias e os lados bons.

sempre teremos lados bons. e esperamos que as angustias desistam e caiam no groove.

a vida sonhada de um alfinete #01

cheguei há pouco, dani. nem havia tantos carros loucos ou cachorros suicidas na rua. havia aquele bafo sonoro comum das cidades e me lembrei dos seus fantasmas. talvez fossem um milhão de fantasmas resmungando alguma solidão da noite ou apenas as pessoas expirando o ar pesado do dia enquanto dormem. do caminho do metrô até em casa, o ônibus só foi deixando as pessoas em seus pontos. ninguém subiu. é uma sensação boa de que todos estão chegando em casa e que não há tantos atrasos ou adiamentos. é tarde para vermos algum filme? é cedo para ter alguma consciência de que dormimos ou sonhamos. ou os dois.

e esses dias me soam sonhados. sonhos de inventar o presente. você faz camisetas e eu websites. queria desenhar. e vc, fazer animação. os sonhos vão sendo construídos nas habilidades e trabalhos diários. linha na agulha. fita no gravador. lápis no papel. idéia digitada. foto rebatida. falta luz só para dilatar pupilas, dani. porque as ruas em que voltei continuarão iluminadas. assim como seus olhos escondidos. assim como estrelas em lantejoulas de vestidos. assim como em fantasmas que nos contam causos.

domingo, junho 12

O Terminal

Assim como todos os filmes de Steven Spielberg, "O Terminal" carrega a mão do diretor. Há muito tempo que tenho tentado assistir a esse filme, mas por falta de tempo ou por estabelecer prioridades, sempre adiei. Um dos motivos foi por achar que é um filme menor do diretor de "Império do Sol", "Lista de Schindler" e "Indiana Jones".

É um filme primoroso, com personagens cativantes e cheio de engenhosidade. Confesso minha simpatia por personagens mais bestiais ou sem qualquer tipo de ética. E acho muito arriscado seguir o caminho da virtude sem parecer piegas. Mas o Spielberg acredita mesmo nessas coisas. Li num livro sobre TV que uma das coisas mais lindas que apareceram na telinha foi Lacan falando ininterruptamente durante algumas horas, quase sem cortes. "Qual a graça disso?", perguntaria. A graça é que lindíssimo ver alguém falar com paixão do que acredita. E Spielberg faz isso.

Talvez também seja um pouco um tapa na minha cara que anda muito descrente no mundo. E talvez daqui a algumas horas eu já volte a dura realidade da falsidade humana. Mas por alguns momentos foi bom (e é) reparar que a dignidade tem suas invenções também. Se a circunstância nos aprisiona a vida, o que acreditamos e fazemos valer ainda é a chave para se viver um pouco melhor.

Hoje me lembrei de como é bom cumprir promessas feitas a quem amamos e a quem nos ama.

sábado, junho 11

Mensagem orkutiana

Dani: ...uma vez então o marciolino me disse:
"Desenha uma capa pra mim?"

...eu imediatamente achei que era capa de super-herói , mas ele logo me contou que era para um livro ....
acho o que eleainda não sabe é que suas palavrinhas tem poderes ,tem efeitos que nem imagina... então a capa é de herói também!!!

adoro!
=*

Faz frio em São Paulo

O vento que bate no meu rosto nessa noite fria de São Paulo tem a mesma cadência de outros ventos e batidas de épocas que ainda permeiam a lembrança. A mão continua enfrentando as baixas temperaturas, mas o rosto mesmo sucumbiu. Está gelado como todo rosto fica quando a estação pede. O pescoço desprotegido já anuncia a ida da voz. Meus olhos lacrimejam um pouco, é um principio. Penso se vale a pena tentar esquentar o rosto expondo as mãos quentes a esse mesmo vento suspeito. Fecho só um pouco os olhos e sinto saudades de raios de sol aconchegantes.

Da janela do ônibus, vejo as pessoas irem para suas casas. Presumo que queiram chegar em casa porque eu quero o mesmo. Já tive quem fosse uma casa para mim. Penso um pouco nela. Deve estar aproveitando a casa que construiu. Eu mesmo não pude ser uma casa. Um menino adianta-se e quase é atropelado. Há um medo maior que ser atropelado: o de não chegar em casa. Ouço gritos silenciosos de uma cidade que não se aconchega. Penso nela um pouco mais. Por que eu a havia deixado?

Desço no terminal. Preciso correr para pegar um outro que me levará enfim para casa. Durante a pressa, a cidade vai se acalmando. Estou só numa cidade que amo mas não me ama. É um fato pesado e quiçá desesperador. Mas eu não me desespero por estar só. Tenho pressa. Preciso pegar o ônibus. É o último. Vejo o motorista entrando, acendo. O bom homem me espera. Deve querer tanto quanto eu voltar para casa. Lembro-me de quando ela disse que me esperaria. Mas não esperou. E eu agradeci ao motorista sua cumplicidade. E me diz num tom mto gentil: vamos, está frio, alguém lhe espera.

E esse último ônibus me soa muito mais familiar, apesar de não conhecer ninguém que viaja comigo. A solidão tantas vezes representada nessas temperaturas, agora aparece só na lembrança dela. A imagem dela decidindo-se por outro me soa a mais gélida das noites. Dou minha face direta para o tapa do vento frio, dou minha face esquerda para o bejio da solidão.

E sei que quando chegar em casa não serei feliz. E sei também que chegando a primavera, outros ventos virão com a notícia de que serei.

quarta-feira, junho 8

:: roberta

roberta só conhecia entrevista de emprego. e nunca percebeu que em entrevistas o que importa é o que não foi dito.

\o/

. a noite em que me disse adeus, guardo em uma folhinha .
guardo porque nunca se sabe quando precisará de papel de anotação .

domingo, junho 5

Hospedagem

Hoje eu sonhei que era feliz. Os pesos que haviam em minhas costas, onde foram? Sumiram. As ruas não tinham cacos de vidro escondidos em cada esquina e eu andava descalço, sentindo verdadeiramente a terra que um dia me receberá. O céu estava claro, uma claridão amena, de corar a pele. Meus cabelos estavam curtos, de um jeito que não me atrapalha a vista. Eu levava as minhas coisas mas não precisava de mochila. Eu pensava em uma música e ela tocava. Eu sorria como gostaria de sorrir sempre. E tinha pouco medo, tão pouco que nem lembrava de quê. Era só um medo para se sentir vivo, para ter assunto para conversar, eu podia conversar horas, estava disposto e estava feliz.

Ao acordar, percebi o bafo roco da realidade. Mas não me aborreci. Enquanto sonhava pensei nos aborrecimentos e eles todos eram muito pequenos e simplórios. Quando eu acordei e vi que continuavam assim, achei mesmo que pudéssemos transformar sonhos em realidades, mesmo que não houvesse concretude para que pudesse provar a alguém. Os sonhos tem seus fragmentos de memória. E a memória, seus fragmentos de sonhos.

Se para a terra vou voltar, dos céus dos sonhos me lembrarei de me hospedar antes.

quarta-feira, junho 1

Asas

Há quem te dê asas. Há quem te coisa melhor.



Dela: http://www.alfinetes.cjb.net

Fase

A fase não é boa para escrever.
Poucas idéias, muitos outros projetos.
Frustrações e outros consolos.
Algumas pessoas vão muito bem, obrigado.
Outras nem tanto.
Acabo me dividindo melhor
em que de certa forma
precisa de mim
e acaba me respeitando melhor.
Os outros continuam sem mim.
Melhor.

Inferno astral às avessas.
Vou sendo levado por coisas boas.
Mas o que movo me entorta.
Não reclamo desse tipo de sorte
mesmo que mais para frente
soe azar.

Não esqueça do meu aniversário.
Ano passado muita gente esqueceu.
Deêm-me votos, os mais sinceros.
Flores, as mais bonitas.
Doces, os mais gulosos.
Ou um simples olá de quem lembrou de última hora.

Só não peça para esperar
porque a vida não me espera.
E só te espero
se você for a minha vida.