segunda-feira, maio 26

memória de abajur

havia uma pequena loja de abajur na esquina de uma rua onde costumava passar para ir a casa dela. da calçada, quando eu ia embora, olhava para a janela dela e costumava ver as sombras projetadas nas cortinas e as luzes se apagavam. sempre pensei em lhe comprar um abajur para amenizar suas sobras. sempre achei que fosse necessário que as sombras fossem amenizadas.

hoje a moça da janela já se mudou. passei por acaso nessa rua e vi a pequena loja. lembrei-me dela e das vezes que pensei em comprar um abajur. lembrei também os livros que quis que ela lesse sob esse mesmo abajur e como eu desligaria para que nos perdêssemos. de como comporia com a poltrona que também imaginei lhe fazer com estofagem veluda mas consistente. a pequena loja estava aberta.

entrei por uma pequena porta de vidro e fui atendido por uma senhora.

-- deseja um abajur?

-- o desejo é um abajur?

Nenhum comentário: