segunda-feira, março 16

2 de janeiro

"não beba essa água
tá lisa demais
essa água tem veneno
e veneno não volta atrás.

no barco 2 de janeiro
sentindo muito aflição
aperto do mundo inteiro
esmagando meu coração.

não vá embora
escuta a toada
ando na beira da praia
anel no dedo eu quero um."
(comadre fulozinha)


homem ou máquina, seja quem for a sorte ou perdão, há de se reconhecer aquele que falta. não a metade exata, semente cá igual a semante lá, mas o céu pulverizado que enche os pulmões do qual se separa e volta a se apegar feito os anos, as lembranças.

que a água sem veneno já existiu, isso não tem quem negue ou fira. mas já também vendeu-se em tantas partes antítodo para o veneno do tempo que já se é envenenado antes mesmo de beber. para o antítodo há volta.

homem ou máquina, sorte ou perdão, todos queremos antítodo.

porém, desde que o barco corre o ano, começa o desfiamento do mar. o veneno nos faz sonhar que à deriva talvez corramos o risco de encontrar o que nos falta enquanto enquanto faz tempêro do coração em pilão.

casar na praia é casar com o tempo imenso. é muito romeu e julieta, mas vira mar.

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