sexta-feira, setembro 4

bela adormecida

no vagão em que viajo, há inúmeras belas adormecidas.

adormeceram pelo cansaço do dia, pelo entusiamos necessário do dia seguinte, pela possibilidade de retomada de um sonho bom com véspera de infinitude, para amenizar dor causada ou sofrida.

seus príncipes, se há, sonham que estão despertos e em vigília pelas suas amadas.

e o beijo está perdido nas escadas rolantes, plataformas de embarque e desembarque, sinais, túneis, avisos sonoros e saídas de emergência.

perdido como inflexão dos que procuram e dos que aguardam.

de repente, uma delas desperta. um pouco sonolenta, estranha a vastidão das que dormem. fica pequena, mas não consegue retomar o caminho do sono. observa as estações: tão longe.

desço no paraíso e a última imagem que vejo é ela enquadrada pela janela do vagão, como um cinema, tentando compreender a linguagem física das respirações e dos sonhos.

Um comentário:

Natalie Dowsley disse...

todo canto no mundo é uma janela de inspirações para os artistas, né?! Veja vc, que já falou com tanta beleza sobre pessoas, reflexos e lágrimas, nos ônibus, agora vê conto de fadas em metrôs. =) Artista não tira férias!
bjão!!