sábado, setembro 8

. capítulo 4 : alikan ::

alikan é o nosso terceiro projeto conjunto. chegou a nós abstrato, pequena massa chorosa e peluda. os olhos trágicos e operísticos, mas as orelhas antenadas ao ambiente. assassina baratas e outros insetos a revelia das consciências, mas conhece o amor.

este sim, é o nosso primeiro projeto comum: o amor. o segundo, joana imprime em cartazes e cola em paredes: uma casa. alikan é quem nos traz de volta quando precisamos fazer compras, pagar impostos, separar o lixo e escolher a marca da comida. é alikan quem determina as naturezas do jardim: há o espaço para brincar e espantalhos em formas esquivas para que não estrague a planta que ainda não é tão planta. no canto ignorado por nós, cresce alecrim que é mato mas não tem as consequências de um. alikan o descobre, pensamos em temperos e molhos.

nesta hora, adotamos alikan como nosso terceiro projeto comum: ele ajudará a descobrir as coisas que nossos sentidos falham. e esperamos que como ele, os dois primeiros projetos deixem nossos corpos e procurem sua própria natureza.

alikan me olha: "esta casa se fechou quando partiu, au. só há uma maneira de estar dentro dela, au". o pelo de alikan se torna mais sedoso e longo. vaii até uma parte da janela na qual há pequenas estruturas - a grade, o esquadro, um pilar de madeira - que eu utilizo para subir no telhado para pegar pipas que caem para devolver aos meninos da rua. alikan sempre latia para quem tenta além de mim.

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